Todo mundo que me conheceu de pequena sabe que eu sempre fui um tantinho... General. Minha irmã diz que eu já nasci velha. Algumas mães de amigas, na adolescência, só as deixavam sair à noite se eu estivesse junto (este ponto era um equívoco, porque eu nunca gostei de interferir na liberdade de ninguém, mas achava melhor não esclarecê-las). Enfim, you got the point.
E com o meu chuchuzinho não foi diferente: sou brava, exigente, não aceito mimimi, "mando" ele falar direito quando tem voz de choro, odeio birra - chorou, perdeu a razão... A mesma eu de sempre. Mas eu fui criada em uma família que acreditava no castigo físico, e por algum tempo eu mesma compartilhei nas redes sociais aquelas ilustrações tipo "Sim, eu bato no meu filho se for preciso" ou "melhor que ele apanhe de você que ele apanhe da sociedade", principalmente quando da discussão da Lei da Palmada. Eu me lembro de um primo do interior (ah, os estereótipos!) que, alguns anos trás, apanhou da mãe por algo que fizera e ligou para a polícia, que imediatamente foi lá para averiguar... Mas o caso não era como o menino tinha pintado, e a nossa cultura admitia mais essa forma de educação, e a tal tia pôde ficar sendo mal falada na família tranquila. E, devido ao tempo em que ensinei em cursos livres, realmente cansei de ver crianças dando na cara dos pais - e não estou falando de bebês sem coordenação - ou pré e adolescentes que não receberam limites em casa. A palavra deveria ser, então, bom-senso, e mesmo que nós pais, como seres humanos, sejamos falíveis, estressáveis e perdedores de cabeça às vezes, para as pessoas que não abusam da violência as coisas deveriam ser fáceis.
Mas não funciona bem assim, porque a violência não é só agressão física (embora esta seja o principal foco da Lei): é você não respeitar a criança quando está brincando, é dar um "chacoalhão" que não machuca porque ela está enrolando, um tapa na bunda que não dói porque ela fez birra, falar uma frase humilhante porque assim ela vai perceber que não é mais um bebê e não pode se comportar daquele jeito. E na maioria das vezes não percebemos que isso é também violência, geralmente até que aconteça conosco. E não adianta você, adulto, dizer que não faz birra ou já é grandinho o suficiente para decidir sobre seus horários e saber suas obrigações - para a criança, também não está fazendo algo errado.
Sabem o que é pior? Admitir tudo isso e saber que meu discurso ainda não condiz com o que, aos poucos, assumo como convicções: eu falo, sem sequer pensar, para ele parar com algo senão vai levar um tapa. Mas o Enzo é bonzinho demais, dentro da escala infantil de pestinhas ;-) e faz o que se espera, me livrando da ameaça vazia, ou pelo menos parte disso, me dando espaço para negociar nossos combinados. Mas tenho ainda muito por amadurecer, e poucas coisas tão efetivas como me colocar no lugar dos outros.
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