segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Torcida Da Sua Vida

"Mesmo antes de nascer, já tinha alguém torcendo por você.Tinha gente que torcia para você ser menino.Outros torciam para você ser menina.Torciam para você puxar a beleza da mãe, o bom humor do pai. Estavam torcendo para você nascer perfeito.Daí continuaram torcendo…Torceram pelo seu primeiro sorriso, pela primeira palavra , pelo primeiro passo.O seu primeiro dia de escola foi a maior torcida.E o primeiro gol, então? E, de tanto torcerem por você, você aprendeu a torcer.Começou a torcer para ganhar muitos presentes e flagrar Papai Noel.Torcia o nariz para o quiabo e a escarola.Mas torcia por hambúrguer e refrigerante.Começou a torcer até para um time. Provavelmente, nesse dia, você descobriu que tem gente que torce diferente de você.Seus pais torciam para você comer de boca fechada, tomar banho, escovar os dentes, estudar inglês e piano. Eles só estavam torcendo para você ser uma pessoa bacana.Seus amigos torciam para você usar brinco, cabular aula, falar palavrão. Eles também estavam torcendo para você ser bacana.Nessas horas, você só torcia para não ter nascido.E por não saber pelo que você torcia, torcia torcido.Torceu para seus irmãos se ferrarem, torceu para o mundo explodir.E quando os hormônios começaram a torcer, torceu pelo primeiro beijo, pelo primeiro amasso.Depois começou a torcer pela sua liberdade.Torcia para viajar com a turma, ficar até tarde na rua. Sua mãe só torcia para você chegar vivo em casa.Passou a torcer o nariz para as roupas da sua irmã, para as idéias dos professores e para qualquer opinião dos seus pais.Todo mundo queria era torcer o seu pescoço.Foi quando até você começou a torcer pelo seu futuro.Torceu para ser médico, músico, advogado…Na dúvida, torceu para ser físico nuclear ou jogador de futebol. Seus pais torciam para passar logo essa fase.No dia do vestibular, uma grande torcida se formou. Pais, avós, vizinhos, namoradas e todos os santos torceram por você.Na faculdade, então, era torcida pra todo lado.Para a direita, esquerda, contra a corrupção, a fome na Albânia e o preço da coxinha na cantina.E, de torcida em torcida, um dia teve um torcicolo de tanto olhar para ‘ela’… Primeiro, torceu para ela não ter outro. Torceu para ela não te achar muito baixo, muito alto, muito gordo, muito magro.Descobriu que ela torcia igual a você. E de repente vocês estavam torcendo para não acordar desse sonho.Torceram para ganhar a geladeira, o microondas e a grana para a viagem de lua-de-mel.E, daí pra frente, você entendeu que a vida é uma grande torcida. Porque, mesmo antes do seu filho nascer, já tinha muita gente torcendo por ele.Mesmo com toda essa torcida, pode ser que você ainda não tenha conquistado algumas coisas.Mas muita gente ainda torce por você!"


Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Como nossos pais

É, sei que é o título de uma música. Que aliás eu gosto muito, até, de preferência com a Elis.

"Viver é melhor que sonhar"... Mas isso é difícil às vezes, não é? Porque viver é verbo imperfeito... ;-)

Desde a concepção somos influenciados pelos nossos pais: se somos aguardados ou não, como somos recebidos neste mundo, nosso nome, roupas, decoração do quartinho... Mas espere aí, é nossa própria história, e embora a esta altura a gente ainda não saiba escrever, já aprendemos a fazer manha se queremos colo, ou balançar a cabeça se não gostamos de sopa de espinafre...

Crescemos ouvindo certos elogios e reclamações tantas vezes que eles passam a ser "verdade"; e quando chega a adolescência, já estamos tão "programados" para pensar daquela forma, que as mudanças trazem os confrontos. Descobrimos outra(s) pessoa(s) para ser a razão de nosso afeto, outro mundo, maior que nosso umbigo (embora esse seja a primeira "parada"), e que os pais até agora haviam nos "moldado" para viver em sociedade. E essas descobertas podem magoar, porque a gente quer ser único, e distanciar essas pessoas que tanto te amaram até agora. E vão continuar amando, mas achamos que isso já não é tão importante.

Aí você se torna adulto. Descobre que aprendeu mais do que imaginava quando sua mãe lhe dizia "Não pode", e enquanto fazia escondido assim mesmo. Descobre que a vida realmente não é em preto e branco, mas que está apto a tomar suas próprias decisões, e arcar com as consequencias quando elas não forem tão boas assim. E descobre que quer ser um pai melhor, mas algumas coisas valem a pena ser repetidas:

*dar liberdade, para que ele aprenda que ela vem com responsabilidade;

*ensiná-lo que, se não tirar o uniforme da escola quando chegar, vai usá-lo amarrotado no dia seguinte...

*a respeitar os mais velhos

*a respeitar os animais

*a aproveitar os momentos bons, e não prolongar os ruins

*a aprender com ambos

*a brincar na rua e assistir desenho

*a cultivar os amigos

*a partilhar as coisas - e que algumas não devem ser partilhadas

*a gostar de ler!! :-D

*que seus pais vão esquecer muitas coisas, então listas como essa são passíveis de modificação sem prévio aviso.

(Sugestões escritas em colaboração com o papai!!)

sábado, 20 de setembro de 2008

Último boletim da balança

Ontem, Enzo e eu fizemos a última ultrason, com 38 semanas. Ele está com 3,250 Kg, mais ou menos- um meninão!! Sei que ele é mais "alto" que gordinho, porque se vc pegar uma fita métrica vai conseguir achar 34cm de "cintura", esbelto! E só pra constar como ele já é cabeçudinho, se fizer o mesmo na cabeça, vai encontrar o mesmo tamanho- a quem será que ele puxou?!?



Quanto a mim... Mais gordinha que alta, com certeza! Além da barriguinha, modelito lua cheia, do rosto bolacha maria e pernas inchadas dignas de uma musa de Botero, a balança do consultório deve ter enlouquecido e acrescentado alguns kilinhos a mais bem na minha vez... Tudo bem que perde-se no parto uns 3,5kg só de bebê, mais uns tantos de líquido, sange, e tem o inchaço... Mas também faltam uns 10 a 15 dias para o nosso chuchuzinho sair da toca, e se só ele engorda uns 300g por semana na reta final, imaginem eu :-S


Anyway, quem mandou já estar gordinha desde o "planejamento"? Pelo menos esse "exagero" foi só nos últimos 2 meses- e um breve lapso quando fui a SP em junho, sabem como é comida de mãe... E não posso reclamar do resto, porque com 13kg adquiridos, não tenho estrias ou varizes, só uns vasinhos a mais... Sabem, antes rolava um certo receio de escrever esses pensamentos, porque geram um dos 2 tipos de comentários: "Você tem que se cuidar!!" ou "Que importam essas marcas diante de uma nova vida?"... Mas a real é que eles fazem parte do pacote de preocupações que vão para a balança quando se decide ter um filho, e mesmo que eles sejam menos pesados no final, não deixam de existir!!

Assim como fazem parte a decisão sobre o parto, as escolhas na educação, os preparativos- sempre atrasados, no nosso caso, a ansiedade de não saber quando e, principalmente, como tudo vai acontecer... Mas esses são assuntos para os próximos posts, se ele vier quando estamos mais ou menos esperando- e a Lua ficar fora disso...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sobre os nossos filhos

Há muitos anos peguei um livro da minha mãe para ler; eu nem sei quantos anos tinha, mas menos de 15 com certeza. Anos depois ganhei uma cópia desse livro, que não é novo, mas a cada vez que leio mostra uma mensagem diferente. Ele se chama "Vivendo, Amando e Aprendendo", é uma compliação de palestras dadas por um professor americano de origem italiana, Leo Buscaglia, sobre relacionamentos, não só entre professor-aluno, mas entre seres humanos.
Tirando o pó da estante, como sempre comecei a folhear alguns livros e me deparei com esses trecho:


"Uma das primeiras coisas que devemos ensinar às crianças - e não podemos ensiná-las se não acreditarmos nisso - é que cada um de vocês é uma coisa 'sagrada'. Fico assombrado quando olho para uma platéia e vejo a mina de ouro que vocês são. Pensar que não há dois de vocês iguais é assombroso. Temos de contar isso bem cedo às crianças, antes que percam sua individualidade.

(...) Depois, acho que devemos ensinar às crianças a importância dos outros, e que elas não podem crescer neste mundo sem absorver os outros. Quanto mais mundos absorverem, esses mundos únicos, mais podem fazer. Precisamos ensinar-lhes a tornarem a confiar nos outros, pois estamos todos apavorados uns com os outros. Estamos construindo muros cada vez mais altos, fechaduras cada vez mais fortes.

(...) Outra coisa que é essencial é as crianças aprenderem que têm escolha. Só acreditam que têm escolha se vocês lhes derem alternativas na vida."



Não escrevo isso aqui por falta do que escrever sobre o Enzo, mas porque tem tudo a ver. Que tipo de pais queremos ser? Em que tipo de mundo queremos que ele viva? É acima de tudo uma mensagem de motivação: Veni, vidi, vici, em termos nada bélicos. Porque a gente tem que fazer - arriscar-se, envolver-se, pensar sobre algo, senti-lo - para poder dizer que provou de alguma coisa. E, com certeza, poder acreditar que fez o seu melhor, nem que tenha aprendido a nunca mais fazer aquilo...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

15 dias pra escrever um Post?!?

Acabei de falar pro Mika que eu não ia mais escrever neste blog; "Está meia-boca, e eu estou fazendo sozinha (ele só escreveu 1 vez!!), não é justo com quem lê, e por que eu iria querer falar de mim e do Enzo para os outros..." Ele nem deu bola, não acreditou em mim, já veio com aquela risadinha de "Depois eu sei que vc vai escrever". Mas, político que é- aproveitando a campanha eleitoral para prefeitos e afins esse ano- fez que me incentivava, que achava ruim se eu parasse. E o pior é que, neste caso, ele estava certo. E já deu outra risadinha quando ouviu isso que eu tinha escrito (é que estou falando enquanto escrevo), mas ele alega que é um pai sorridente, só porque a psicóloga do curso de gestante disse isso...


Mas, sinceramente, eu não quero parar mesmo, porque eu já sou mãe coruja antes mesmo de ver esse chuchu bochechudo que está por vir. Esta noite eu sonhei com um bebezinho tão pequenino, cabeçudo, lindinho mesmo... Que eu quero dividir muito disso, sempre. Por ele, já faço qualquer coisa: de lavar roupa à mão (mesmo com alergia) a passar lençóis de elástico (completamente inútil do ponto de vista estático), de aguentar intromissão e perguntas pessoais (quem me conhece sabe...) a pedir _é, vocês leram certo, pedir- fotos de close da minha barriga, com umbigo explodindo e tudo!! E nem esperar tratá-las no photoshop para colocar aqui!!



Semana passada foi meu aniversário: 31. E esse ano que passou, esse mágico 30, não teve nada de assustador como algumas mulheres dizem. Ao contrário, foi mágico!! Me frustrei, estressei, trabalhei muito sem ser reconhecida, mas fui muito feliz, porque segui caminhos que estão me levando à realização de alguns sonhos... E ainda está muito corrido, e vocês nem imaginam o quanto ainda há para ser feito até o Enzo chegar, ou como estou cansada, sem entrar nas questões de realização profissional, mas senti-lo mexer me faz, por segundos que seja, sorrir comigo mesma, e relaxar porque, reza a lenda, tudo dá certo no final.














P.S.: Ele diz que não gosta quando eu escrevo "revoltada"; espero que eu não ande reclamando muito na orelha, ou melhor, no monitor de vocês... Quem me conhece sabe que eu sou chata, mesmo, mas nem por isso deixo de curtir os meus melhores momentos... Obrigada!!